“Às vezes é preciso perder tudo para reencontrar a si mesmo”
Coração apertado. Olhos marejados. Dúvidas e certezas dançando lado a lado.
Era assim que Dinho se sentia nos dias que antecediam a tão sonhada viagem.
Desde cedo ele foi um sonhador. Aos 17 anos descobriu um desejo que parecia maior que o mundo: viajar sem rumo, viver de forma leve, aprender com as estradas e com as pessoas.
E você? Já sonhou com essa liberdade?
Deixar tudo para trás, seguir pelo desconhecido, descobrir quem você é fora do padrão que a vida insiste em impor?
Porque o padrão é sempre o mesmo: nascer, crescer, estudar, trabalhar, formar uma família e repetir o ciclo. Muitos desejam a liberdade… poucos têm coragem de se libertar.
Com Dinho não foi diferente. Aos 17, ele ouviu de muitos que seus sonhos eram loucura. “Já pensou se jogar no mundo desse jeito? Como vai sobreviver?” — diziam. Faltou coragem, e a lógica venceu. Ele guardou o sonho na gaveta.
Dinho se transformou em Edvaldo. Vieram os trabalhos, a faculdade, os relacionamentos, as responsabilidades. O tempo passou, mas aquele menino sonhador nunca morreu dentro dele. Ficou apenas escondido, esperando o momento certo de despertar.
Aos 24 anos, o coração bateu mais forte. Edvaldo reviveu o Dinho que havia deixado guardado no passado. A criança interior — curiosa, faminta pelo novo, por aprender e viver — estava de volta.
E você?
Em algum momento também silenciou a sua criança? Fechou a porta dos sonhos porque a vida adulta exigiu responsabilidades?
A vida parece feita disso: responsabilidades, obrigações, a cobrança constante para que a gente construa coisas — profissão, casa, família — mesmo quando essas coisas não fazem parte dos nossos planos.
Quando o mundo parou
Então veio a pandemia.
Edvaldo trabalhava em dois empregos e cursava Gestão Ambiental numa universidade em Recife. De dia era auxiliar de transporte escolar; nos fins de semana, motoboy. À noite, ainda sobrava energia para assistir às aulas da faculdade.
Era uma rotina dura, exaustiva. Até que, de repente, o mundo parou.
As escolas fecharam, ele perdeu o trabalho e o curso passou para o ensino remoto. No último semestre, teve que trancar a faculdade. Teve sua moto roubada. Mudou de profissão.
Cada ano trazia um desafio novo. Às vezes parecia que a vida queria vê-lo desistir. Outras vezes, parecia apenas que a vida estava forjando algo mais forte dentro dele.
A vida é assim, não é? Sempre testando nossos limites, colocando altos e baixos no caminho. Mas talvez ela não seja inimiga. Talvez seja como o padeiro que bate na massa até formar um belo pão. Ou como o pisador de uvas, que com paciência transforma o fruto em vinho.
Estabilidade que inquieta
Apesar dos golpes, Edvaldo seguiu. Concluiu a faculdade. Conquistou um emprego de que gostava, tinha amigos, uma companheira, uma sensação de estabilidade.
Mas é curioso: às vezes é justamente no conforto que as dúvidas surgem.
Medo de mudar, medo de arriscar. A procrastinação se disfarça de segurança.
Foi então que uma bicicleta entrou em sua vida. No início, apenas um hábito, um exercício físico, uma rotina saudável. Mas ela foi abrindo portas para um mundo novo.
Até que, em uma noite qualquer, Edvaldo encontrou um vídeo no YouTube: um casal viajando o Brasil de bicicleta. Sim, de bicicleta.
Aquela cena acendeu algo dentro dele.
Você já passou por isso? Um detalhe, uma ideia, uma imagem que muda tudo — que vira sua visão do mundo de cabeça para baixo?
Foi exatamente isso que aconteceu com Edvaldo.
O sonho que nasceu aos 17 anos, e que parecia ter sido esquecido, voltou a pulsar com mais força do que nunca.
Mas essa… essa já é outra história.
E se você leu até aqui, me conta:
👉 Qual sonho da sua juventude ainda pulsa dentro de você, esperando para recomeçar?